terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Taxa de aborto se estabiliza após longa década de declínio

Taxa de aborto se estabiliza após longa década de declínio

Artigo traduzido por Raimundo Santos

Original em inglês: Abortion rate stalls after decade-long decline - BBC

Abortion rate stalls after decade-long decline

A constante queda no número de abortos praticados anualmente nos Estados Unidos se estabilizou, é o que informam novos dados do Guttmacher Institute.

Na sua décima quinta pesquisa sobre os executores do aborto desde 1973, o instituto catalogou um aumento de 0.5% no número de abortos praticados em 2005 comparados a 2008. Os dados, basicamente, põem fim à tendência da incidência de aborto que tinha sido observada desde 1990.

"[Os dados] sugerem que não estamos fazendo o suficiente para ajudar as mulheres a evitarem gravidezes indesejáveis," argumenta Rachael K. Jones, pesquisadora-chefe do Instituto Guttmacher, autora do relatório.

Para coletar os dados, Jones e sua equipe enviaram questionários pelo correio a todos os responsáveis pela prática de aborto em potencial, incluindo hospitais e clínicas médicas. Eles definiram como "executores" qualquer local em que os aborto são praticados, e não sua prática por indivíduos em particular.

A equipe também buscou informação sobre os limites de gestação (como em uma gravidez avançada um executor praticaria um aborto), o tipo de serviços abortivos oferecidos às pacientes, e o que, caso existam, danos experimentados pelo executor. No total, mais de 2.300 pesquisas foram enviadas.

"A taxa de aborto permaneceu inalterada entre 2005 e 2008", informou Jones. "19.6 abortos para cada 1.000 mulheres, em 2008, é virtualmente o mesmo que 19.4 para cada 1.000 mulheres, em 2005. Trata-se de um aumento nominal."

Houve mudanças substanciais também: Dos 1.21 milhões de abortos praticados em 2008, 17% foram abortos através de medicação no início. Jones encontrou um aumento de 24% no número destes procedimentos sendo conduzidos em ambientes fora de hospital. A maioria destes abortos envolveram Mefepristone (pílula abortiva), comumente conhecida como RU-486. De fato, o número de executores oferecendo este serviço também aumentou.

"A vasta oferta de RU-486 e abortos químicos teve um impacto muito grande", explicou Randall K. O'Bannon, Ph.D., diretor de Educação e Pesquisa junto ao National Right to Life Committee. "[As mulheres] optariam pelo aborto quando não pudessem discernir sobre ele antes, e assim, elas tomariam esta pílula."

A taxa de gravidezes indesejáveis nos Estados Unidos foi grande fator de contribuição para a queda da estabilização da taxa de aborto, segundo a Planned Parenthood Federation of America (Planejamento Familiar dos Estados Unidos), em nota divulgada à CNN. "O primeiro passo que devemos tomar como uma nação é aumentar o acesso ao contraceptivo," informa a nota. "A maneira mais efetiva de se evitar uma gravidez indesejável e reduzir a necessidade do aborto, é melhorar o acesso ao controle de natalidade."

Por sua vez, Jones explica que a falta de avanços no uso de contraceptivos entre as mulheres pode desempenhar um papel porque a taxa de aborto deixou de diminuir. Mas ela também acha que pode haver uma correlação com a gravidez na adolescência; como a taxa de gravidez na adolescência diminuiu, também diminuiu a taxa nacional de aborto, embora ambos tenham recentemente se estabilizado.

E a economia pode também ser responsável. Os datos coletados por Jones eram de 2008, quando a crise econômica tinha acabado de começar.

"Estas podem ser mulheres que perderam acessos aos cudados médicos, que tiveram grande dificuldade em adquirir contraceptivos," esplicou Jones. "Ou talvez, elas sejam mulheres pobres que, em diferentes circuntâncias, teriam levado sua gravidez até o fim, mas em tempos de crise econômica e pobresa, com um baixo rendimento financeiro, estavam mais susceptíveis a praticarem abortos."

O relatório completo será publicado na edição de março da revista científica Perspectivas sobre Saúde Sexual e Reprodutiva.
 
Artigo traduzido por Raimundo Santos
 
Original em inglês: Abortion rate stall after decade-long decline - BBC

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