quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Parceria entre formigas e árvore da acácia impede ataque de elefantes

Parceria entre formigas e árvore da acácia impede ataque de elefantes

Artigo traduzido por Raimundo Santos
Original em inglês: BBC

Ao que parece, uma espécie de árvore da acácia encontrada na região oriental da África é protegida dos ataques de elefantes pelas formigas que nela vivem.



                                   Na relação simbiótica as formigas vivem e se beneficiam da árvore da acácia


Pesquisadores da Universidade de Wyoming e Flórida, nos EUA, realizaram uma série de estudos na localidade de Laikipia, região central do Kênia, e no Parque Nacional Tsavo, também no Kênia.

A folhagem das árvores estava diminuindo enquanto o número de elefantes aumentava. A folhagem das árvores permaneceu a mesma onde os elefantes foram mantidos afastados através do uso de cerca elétrica, permitindo a passagem de outros animais.

Os elefantes são peritos em retirarem a casca das árvores e as destruírem enquanto se alimentam. "O número de elefantes nas terras altas na região central do Kênia tem aumentado tanto nos últimos anos, que atualmente percebemos os sérios danos causados às árvores por toda parte," informou o autor do estudo, Todd Palmer.



                                     Um elefante passeando pela floresta de acácias na região central do Kênia

Entretanto, os pesquisadores ficaram intrigados quando perceberam que a cobertura das árvores somente havia diminuído em áreas com solo arenoso - e não aquelas com solo argiloso.

O professor Palmer, em companhia de Jake Goheen, que estão publicando suas descobertas na revista científica "Current Biology" (Biologia Atual), observaram que na região de solo argiloso parecia haver somente um tipo de árvore - uma acácia chamada Acacia drepanolobium. Nas outras áreas com solo arenoso, havia uma variedade muito maior de tipos de árvores.

O que é especial sobre este tipo de árvore é que ela tem um relacionamento simbólico com as formigas. A árvore oferece abrigo e alimento para as formigas e, agora, parece que elas protegem a planta dos elefantes.

A fim de se descobrir exatamente o que estava afastando os elefantes destas árvores, os professores Palmer e Goheen, primeiramente tentaram retirar as formigas das plantas.

Assim, os elefantes ficaram interessados em comer as árvores, mas as formigas retornaram - quanto maior era o número de formigas, menor era o número de elefantes que queriam comer as árvores.

Depois disso, eles ofereceram quatro tipos de folhagens a elefantes semi-selvagens do centro de reabilitação no Parque Nacional Tsavo.

Eles ofereceram a planta de formiga com, e sem formigas, e outra planta acácia, também com, e sem formigas. "Os elefantes nem mesmo se atreveram a tocar os galhos com as formigas - eles conseguiram sentir o cheiro das formigas e sabiam que comê-las seria desagradável", disse o professor Goheen.

Os elefantes parecem ter receio de serem picados nas laterais macias de suas trombas.

Outros grandes herbívoros, principalmente as girafas, comem as plantas, provavelmente porque elas não se sentem incomodadas pelas formigas. Nigel Raine, outro ecologista de Royal Holloway, Universidade de Londres, também estuda estas plantas de formigas, e diz que as girafas comem as folhas das plantas, embora as formigas tentem picá-las na face e na boca.

"Sempre que se cria um distúrbio na copa da árvore, as formigas tratam logo de investigar. Como ecologista, você acaba saindo com muitas picadas e ferrões," explica o Dr. Raine.

As plantas que têm essa simbiose com as formigas podem ser encontradas em outras partes do mundo, principalmente nas América do Norte e do Sul, onde não existem elefantes, entretanto, grandes herbívoros viveram nestas regiões antes de se tornarem extintos.

Nas fábulas, os elefantes têm medo de ratos mas, na verdade, eles parecem temerem mais aos insetos. Estudos anteriores descobriram que os elefantes não têm medo somente das formigas, mas também correm das áreas com abelhas logo que ouvem o zumbido delas.


Artigo traduzido por Raimundo Santos
Original em inglês: BBC


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seguidores

Pesquisar este blog