Artigo traduzido por Raimundo Santos
Original em inglês: CNN
Cordoba, Espanha (CNN) -- Muçulmanos na Espanha estão reivindicando permissão de rezar em companhia de cristãos na Catedral de Córdoba, antiga Grande Mesquita de Córdoba.
Hoje, no que originalmente fora a mesquita de Córdoba na Espanha, não há mais chamado à oração, somente o badalar dos sinos da igreja. Isso, porque a antiga mesquita é, hoje, a atual catedral Católica, que celebra missas diariamente.
Ela se tornou uma Catedral desde que a monarquia Cristã da Espanha conquistou Córdoba no século XIII, com mais de um milhão de visitantes entrando por suas portas a cada ano.
Imagens de Jesus crucificado estão penduradas abaixo dos imponentes arcos vermelho e branco que, no passado, eram o saguão de oração dos muçulmanos. A deslumbrante mihrab de Córdoba - a alcova sagrada de onde as orações islâmicas são conduzidas - ainda permanece como uma parte separada da construção, e é uma das principais atrações para os turistas.
Agora, alguns muçulmanos estão tentando recuperar a história. Mansur Escudero, um espanhol convertido ao Islamismo, está liderando o movimento que reivindica o direito dos muçulmanos de rezar na Catedral de Córdoba.
"Não acho que seja importante para os muçulmanos. Acho que é importante para a humanidade," argumenta Escudero. "Achamos que iste é um lindo paradigma de tolerância, conhecimento, cultura. Pessoas de diferentes religiões vivendo juntas." A Espanha tem mais de um milhão de muçulmanos, pouco mais do que 2% da população. A maior parte deste crescimento é constituída de migrantes de países como o Marrocos. Mas o país do sul da Europa tem uma significativa comunidade de convertidos ao Islamismo, inspirados pela história islâmica.
Em abril, mais de cem visitantes islâmicos iniciaram um protesto ao enrolarem seus tapetes de oração dentro da igreja, e começaram a rezar.
De acordo com o Bispo de Córdoba, Demetrio Fernandes, este incidente mostra que é impossível dividir uma casa de oração. Seria como dividir uma esposa entre dois maridos, disse ele à CNN.
"Eles ficariam felizes em fazer a mesma coisa em qualquer outra mesquita?", perguntou ele. "Certamente que não, porque eu entendo seus sentimentos religiosos e eles devem entender os nossos também. O sentimento religioso é o mais profundo do coração humano, portanto, não é possível dividir."
O Bispo Fernandes cita a basílica de San Juan em Damasco como exemplo de um santuário Cristão que foi transformado em uma mesquita.
"Não imaginaríamos em reinvidicar a mesquita de Damasco, pois ela pertence aos muçulmanos, e para eles ela é um local emblemático."
"É o mesmo para os Cristãos porque a basílica de San Juan é muito importante para nós, mas compreendemos que a história não retrocede. Ela somente avança. Portanto, não faz sentido reinvidicar que a catedral de Córdoba se transforme em uma mesquita. Não faz sentido pois a história é irreversível," defendeu o Bispo.
Escudero insiste que não se trata de vitória para uma ou outra religião.
Acrescentou Escudero: "Eles insinuam que nós estamos tentando conquistar a mesquita novamente. Essa não é a intenção de forma alguma. Queremos estar em um local onde qualquer um - quer seja muçulmano, Cristão ou judeu - possa fazer sua meditação ou sua maneira interior de rezar, cultuar ou qualquer outra palavra que se possa utilizar.
Artigo traduzido por Raimundo Santos
Original em inglês: CNN
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