segunda-feira, 6 de setembro de 2010

"Lacuna" de milhares de meninas

"Lacuna" de milhares de meninas

Artigo traduzido por Raimundo Santos
Original em inglês: CNN


(CNN) -- Discriminação contras mulheres e meninas atinge números estarrecedores mundo afora, é o que diz a escritora Sheryl WuDunn. Chega a 100 milhões o número de mulheres a menos do que homens no mundo.

Acabar com a opressão das mulheres é o grande desafio moral do século XXI, que a autora compara com a luta contra a escravatura no século XIX e o totalitarismo no século XX.

WuDunn, ex repórter do The New York Times e, que agora, é investidora financeira no setor bancário, e o seu marido, Nicholas Kristof, colunista do Times, escreveram o livro entitulado "Half the Sky" (Metade do Céu), que fala do papel das mulheres no mundo.

Ela falou sobre suas descobertas na conferência global TED em Oxford no mês de julho, em entrevista concedida à CNN.

Durante sua função como correspondente na China, WuDunn e Kristof tomaram conhecimento do fenômeno do desaparecimento de pelo menos 30 milhões de bebês meninas na nação.
  
WuDunn explica que parte dessa lacuna poderia ser atribuída ao infanticídio cometido pelas famílias que eram obrigadas pela política chinesa a terem apenas um bebê, e também por causa do desenvolvimento da sonografia. Esse aparelho médico pode ser utilizado para determinar o sexo da criança antes do nascimento, levando alguns pais a praticarem o aborto. 

Um camponês no sul da China nos disse uma vez: "O ultra-som é maravilhos, pois não precisamos mais ter bebês meninas."

O  problema não se limita à China; WuDunn diz que existe uma carência estimada entre 60 e 100 milhões de mulheres no mundo, ainda que o número de mulheres seja maior do que o número de homens nos países desenvolvidos.

As soluções, diz ela, são oportunidades educacionais e econômicas. A superpopulação é uma das maiores contribuições para a pobresa, defende a autora. "Quando se educa uma menina, ela terá menos filhos." Meninas que vão para a escola casam-se mais tarde e educam seus filhos "de uma forma mais esclarecedora."

WuDunn diz que sua obra não se trata apenas de revelar difícil situação de mulheres e meninas em muitos países, mas busca também ajudar a oferecer subsídios para um movimento que resolva o problema. No mundo ocidental, onde muitas pessoas têm garantidas suas necessidades básicas, é uma obrigação identificar e ajudar outras pessoas, argumenta a autora.

WuDunn contou a história de uma assistente de saúde americana em Darfur, que tinha presenciado muito sofrimento mas nunca se sensibilizou com a situação.

Em férias e de volta aos Estados Unidos, ela visitou sua avó e percebeu um alimentador de passarinhos no quintal.

"Ela estava no quintal da sua avó e, de certa forma, se sensibilizou. E ela percebeu que ela não apenas podia  alimentar-se, vestir-se e ter uma moradia, mas também ver que as pessoas no seu país podiam alimentar pássaros silvestres para que eles não ficassem com fome no inverno. Ela sabia que com uma boa condição de vida também vem grandes responsabilidades."

Eis alguns excertos de "Half the Sky": "Transformando a opressão em oportunidade para mulheres no mundo", de Nichoas D. Kristof e Sheryl Wudunn.

"Sejamos sinceros sobre esta questão: Esperamos convencê-lo a fazer parte de um incipiente movimento para emancipar as mulheres e combater a pobreza mundial ao liberar a energia das mulheres como catalizadores econômicos. Esse é o processo em andamento...não um drama de vitimização, mas de fortalecimento, o tipo que transforma faceiras meninas escravizadas em bem-sucedidas mulheres de negócios. Esta é a história da transformação. É mudança que já está acontecendo, e mudança que pode ser acelerada se você apenas abrir seu coração e fazer parte de...

"A maré da história está transformando mulheres ( "mulas de carga" e objetos sexuais) em seres humanos plenamente capacitados. As vantagens econômicas do fortalecimento das mulheres são tão amplas que podem persuadir as nações a se moverem nessa diração.

"Em breve consideraremos a escravidão sexual, assassinatos e atentados violentos como tão inaceitáveis quanto o emperramento do pé (antiga prática chinesa para impedir o crescimento dos pés das meninas). A questão é quanto tempo essa transformação levará para acontecer, e quantas meninas serão sequestradas em bordéis antes que ela seja completada...ou se cada um de nós fará parte desse movimento histórico ou seremos apenas expectadores."

Artigo traduzido por Raimundo Santos
Original em inglês: CNN



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