quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Córneas produzidas em laboratório são promessa de recuperação da visão



Artigo traduzido por Raimundo Santos
Original em inglês: BBC


Córneas produzidas em laboratório melhoraram sensivelmente as vistas de 10 pacientes suecos com significativa perda de visão.

Produzidas inteiramente de colágeno sintético, os implantes oferecem a tentadora possibilidade de substituição para tecidos de doadores humanos.

As córneas feitas sob encomenda funcionam ao provocar a regeneração dos nervos e células no oho.

Esta é a primeira vez que a visão foi restaurada dessa forma.

Nossa capacidade de enxergar depende da córnea, a camada transparente que cobre a pupila, a iris e a parte frontal do olho.

Danos à córnea é a segunda maior causa de cegueira no mundo, afetando aproximadamente 10 milhões de pessoas.

Nos países onde existe banco de tecidos, danos à córnea e doenças são tratados através de implante de córneas de doadores humanos. Entretanto, esses doadores são pouquíssimos no mundo.

Os implantes "biosintéticos" foram produzidos a partir de uma versão sintética de colágeno humano destinado a imitar a córnea o mais parecido possível. A Fibrogen, a empresa que fez os implantes utilizou levedura e sequências de DNA humano para criar as córneas.

Tecido afetado foi removido das córneas de 10 pacientes e substituídos por implantes. Em seguida, eles foram monitorados por dois anos após a cirurgia para se avaliar como os implantes foram incorporados pelo olho.

Em seis dos pacientes, a visão melhorou aproximadamente de 20/400 a 20/100, o que significa que eles puderam ver objetos quatro vezes mais distantes do que antes da cirurgia.

A visão foi restaurada em todos os 10 pacientes que receberam os implantes artificiais. Entretanto, alguns pacientes precisaram de assistência adicional através do uso de lentes de contato.

Todos eles estavam na lista de espera na Suécia para receberem enxertos de doadores humanos. A Dr. May Griffith, professora de medicina regenerativa na Universidade de Linkopings na Suécia, foi uma dos autores da pesquisa de dois anos. Ela disse a BBC News que estava surpresa pelo sucesso obtido.

"Nosso objetivo foi exatamente testar a segurança destas córneas humanas para que a melhora da visão fosse um ganho real para nós."

Recriar a córnea

 O sucesso dos implantes deve-se a capacidade delas de permitir que os tecidos do olho se regenerem. "As próprias células e nervos dos pacientes que se regeneram nesta moldura pré-fabricada recriam a córnea que imitam o tecido do olho humano normal. Portanto, em suma, ela estimula a regeneração."

((L) Córnea biosintética 24 horas após cirurgia, mostrando as suturas mantendo a córnea no lugar. (R) 2 anós após cirurgia, o implante torna-se transparente e saudável.


Todos os pacientes recuperaram a visão tão bem quanto se eles tivessem recebido córneas de doadores humanos. Em alguns casos, a recuperação do olho foi melhor do que quando comparada ao enxerto humano.

"A regeneração do nerve foi mais rápida em todos os pacientes do que teria sido se eles tivessem recebido enxerto humano."

Os pacientes não experimentaram nenhum problema de rejeição do implante, e a longo prazo, não precisaram imuno-supressão.

Pelo fato da córnea ser responsável pelo controle da luz que entra no olho, ela precisa ser transparente. Ela recebe oxigênio do fluido lacrimal. Todas as córneas biosintéticas foram capazes de produzir lágrima normal, e também mostraram-se sensíveis ao toque.

Córneas prostéticas feitas de plástico sintético já são utilizadas por pacientes que anteriormente tiveram enxertos não bem-sucedidos de doadores, mas elas podem ser difíceis de implantar, podendo causar infecção, glaucoma e deslocamento da retina.
Os autores deixam claro que este é apenas um estudo inicial realizado em 10 pessoas, mas estão otimistas sobre os testes clínicos realizados até agora.

A pesquisa está publicada no periódico Science Translational Medicine.

Artigo traduzido por Raimundo Santos
Original em inglês: BBC

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