domingo, 12 de setembro de 2010

Visita do Papa: Quem quer ser padre?




Visita do Papa: Quem quer ser padre?

Artigo traduzido por Raimundo Santos
Artigo original em inglês: BBC



Kurt diz que o estresse e a tensão dos paroquianos tornam-se também dos padres.

A reputação do sacerdócio tem sido seriamente afetada por alegações de abuso nos últimos anos.

Trata-se de uma função difícil nos seus melhores momentos, com treinamento mais longos do que o de médicos, longas horas de dedicação e o mínimo de remuneração.

Entretanto, a Igreja Católica Romana informa que está vivenciando um pequeno aumento no número de homens preparados para renunciarem a vida familiar e se dedicarem a Deus - o que se espera ser estimulado com a visita do Papa.

Mas quem são estes homens?

Kurt Barragan, de 29 anos, está no quarto ano de treinamento e será ordenado em 2012.

Primeiramente, ele pensou no sacerdócio quando tinha 16 anos, mas não tomou a "angustiante" e final decisão de se compromissar até que passasse quatro anos trabalhando como servidor público.

Kurt entende que o sacerdócio pode se visto como tendo muitas "proibições", mas argumenta que tudo cai no seu devido lugar quando se entende plenamente o seu propósito - e acredita que o Evangelho oferece a "mais perfeita felicidade".

"O que me interessa é trazer outras pessoas para este caminho da felicidade," confessa ele.

Pai Espiritual

Para muitos, o ponto-chave da "proibição" é, naturalmente, o sexo. Atualmente, existe debate dentro da Igreja Católica sobre se o celibato é ainda um requisito essencial para o sacerdote.

Mas Kurt, que se relacionou com mulheres no passado, diz que o celibato é essencial para permitir que como solteiro se dedique à Igreja.

"Isso não significa que casamento e filhos não sejam atrativos para mim; apenas sinto que posso servir melhor ao mundo como um pai espiritual para muitas pessoas...É isso o que Deus quer de mim," explica ele.

Os sacerdotes desenvolvem uma diversidade de funções, desde o tradicional pároco a capelões de prisões ou nas forças armadas, e na educação.

É um trabalho que envolve lidar com pessoas em momentos cruciais de suas vidas.


                                    Luke diz que a experiência do seminário envolve grandes momentos de auto-exame através da oração.

"Pode-se alternar rapidamente de situações de ajuda a pessoas que estão experimentando um momento de tristeza em funerais àquelas em que as pessoas estão se preparando para o matrimônio ou ter seus bebês batizados," disse Kurt.

"Você está sempre imerso nas vidas das pessoas às quais você serve, assim o estresse e a tensão deles tornam-se seus também."

Na diocese de Southwark, onde Kurt reside, os sacerdotes são pagos através de estipêndios (salários) - doações dos paroquianos, e as coletas do natal e da páscoa. Eles também moram nas acomodações da paróquia.

Em uma grande e rica paróquia, um padre poderia ganhar em torno de 10.000 libras por ano, mas em pequenas paróquias, poderia chegar apenas a 1.500 libras. Esse valor poderia ser compensado por campanhas caritativas Católicas a até 4.000 libras.

"Não é uma renda alta, o propósito é ter o dinheiro suficiente para sobreviver e ter recreações saudáveis...O que mais se precisa além disso?", indaga ele.

"Quando eu era funcionário público tínhamos que trabalhar sete horas e doze minutos por dia, chegando a 36 horas por semana. Não conheço nenhum padre que trabalha menos do que isso."


Artigo traduzido por Raimundo Santos
Original em inglês: BBC



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