terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Liberdade religiosa: campanha do Papa para a paz mundial

Liberdade religiosa: a campanha do Papa pela paz mundial

Artigo traduzido por Raimundo Santos

Original em inglês: Freedom of religion: the Pope's campaign for world peace - AsiaNews.it


O Papa Bento XVI oferece passo-a-passo instruções em como se colocar a liberdade religiosa em prática, tanto no Oriente quanto no Ocidente. Exigências específicas a governantes do Oriente Médio, China, Europa e América Latina. Nenhuma sociedade deveria se privar da contribuição de comunidades e pessoas religiosas. O exemplo de Madre Teresa...


Convencer o mundo de que "verdadeira e duradoura paz...passa pelo respeito ao direito da liberdade religiosa em toda a sua plenitude": isto, sem dúvida, é a intenção dominante do discurso de Bento XVI, proferido hoje, aos corpos diplomáticos credenciados à Santa Sé.

Em uma sequência ponderada e progressiva, a frase "liberdade religiosa" é mencionada 19 vezes, quase cinco vezes por página, para convocar "políticos, líderes religiosos de todas as categorias" a se comprometerem seriamente em implementá-la. Por esta razão, ele segue listando uma série de passos, como ponto de partida, em que governantes (primeiramente) deveriam colocar em prática.

Como se fosse para responder a cada objeção, e balançar a indiferença e a surdez do mundo, o Papa cita a filosofia e a história, para lembrar as pessoas que a "religião é, de fato, o primeiro dos direitos humanos, não somente porque ela foi historicamente a primeira a ser reconhecida, mas também porque a religião toca a dimensão constitutiva do homem", tanto que "o homem pode ser chamado de um ser religioso".

O pontífice pede à sociedade "para rejeitar a perigosa idéia de um conflito entre o direito à liberdade religiosa e outros direitos humanos, desta forma, desconsiderando ou negando o papel central do respeito à liberdade religiosa na defesa e proteção da fundamental dignidade humana". Nos últimos anos, a China, Myanmar e países ocidentais continuam a se defender contra a importância da liberdade religiosa, alegando direitos culturais ou pragmáticos ("o direito à alimentação e ao vestuário vem primeiro") para colocá-lo em último lugar. Ao mesmo tempo, o Papa condena tentativas de se colocar a liberdade religiosa contra os supostos "novos direitos" (sacerdotes gays, mulheres-sacerdotes,...) "que são nada mais que a expressão de desejos egoístas sem fundamentação na verdadeira natureza humana".

Bento XVI lembra aquelas áreas do mundo onde a liberdade religiosa é humilhada, principalmente no Iraque e no Egito, onde os ataques que ocorreram em Bagdá e Alexandria incitaram em coro a solidariedade global. Mas ao contrário da diplomacia internacional - as pessoas simplesmente não param ao condenar o terrorismo e o derramamento de algumas lágrimas. Ele exige que "apesar das dificuldades e ameaças," os governos do Oriente Médio garantem a segurança de minorias e plena cidadania para os Cristãos, ele exige que os livros ditáticos escolares - principalmente na Arábia Saudita - sejam livres do discurso do ódio; ele pede que, onde hajam trabalhadores imigrantes Cristãos (no UAE ou na Arábia Saudita), "A Igreja Católica pode oferecer apropriadas estruturas pastorais" para o cuidado destas pessoas. Com a mesma transparência, ele pede ao governo paquistanês para não modificar, mas "revogar" as conhecidas leis de blasfêmia.

Ele também faz pedidos específicos à China: o Papa rejeita o "monopólio do estado sobre a sociedade", e pede "autonomia organizacional plena e a liberdade de realizar sua missão, em conformidade com normas e padrões internacionais nesta esfera". E como se quisesse sugerir um modelo a Pequim, Bento XVI cita o exemplo de Cuba, onde após mais de 75 anos, as relações diplomáticas com o Vaticano foram restauradas. (Posteriormente, ele também cita a experiência positiva com o Vietnam, onde as autoridades "aceitaram minha nomeação de um Representante que expressará a solicitude do Sucessor de Pedro ao visitar a amada comunidade Católica do país").

O Papa também aponta o dedo para o Ocidente, onde em nome da falsa tolerância e pluralismo, a "religião enfrenta crescente marginalização. Existe uma tendência de considerar a religião, toda religião, como algo insignificante, alienígena, ou até mesmo desestabilizador da sociedade moderna, e tentar por diferentes meios impedi-la de ter qualquer influência na vida da sociedade".

O Papa lembra uma vez mais a controvérsia sobre símbolos religiosos em locais públicos e a proibição de se expor o crucifixo em locais públicos. Ele exige - principalmente na América Latina - o espaço social para o compromisso dos Cristãos na saúde e na educação, contra leis "que poderiam criar uma espécie de monopólio estatal sobre as escolas".

Esta implementação passo-a-passo da liberdade religiosa tem um propósito: "reafirmar fortemente que a religião nao representa um problema para a sociedade, que não é uma fonte de discórdia ou conflito." Pelo contrário, "como poderia alguém negar a contribuição da maior religião do mundo para o desenvolvimento da civilização" A busca sincera por Deus tem levado a um maior respeito para a dignidade humana".

O Papa implora que "nenhuma sociedade procure se privar da contribuição essencial de pessoas e comunidades religiosas!" e cita o exemplo de Madre Teresa que mostra "a extensão para qual o compromisso nascido da fé é benéfico à sociedade como um todo".

Finalmente, vale a pena lembrar as palavras do Papa aos diplomatas no Vaticano: "As atividades dos Representantes Pontifícios para estados e organizações internacionais - diz ele - está também a serviço da liberdade religiosa." Núncios e autoridades do Vaticano são, assim, não somente chamados a mediarem amenizarem as tensões, mas lutar para garantir a liberdade religiosa para os Cristãos e para todos os crentes.

Artigo traduzido por Raimundo Santos

Original em inglês: Freedom of religion: the Pope's campaign for world peace - AsiaNews.it

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